terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Estudo sobre ocorrência Eloa, Santo Andre

É incrível como o Brasil lida com ocorrências criticas no âmbito de segurança pública.
As típicas ocorrências de seqüestro, cárcere privado, como a que hoje ocorre em São Paulo, desta menina que vem sendo mantida como refém por seu ex namorado.
Não venho aqui fazer criticas a atuação e a forma como a policia paulista vem agindo neste evento, ate porque ela é uma das mais preparadas neste tipo de crise, e vem até o determinado momento seguindo seqüencialmente toda a doutrina vigente em âmbito mundial neste tipo de fato.
As críticas cabem aos aparelhos de comunicação em maça, a impressa, que vem a público colocar pessoas que não tem nenhum tipo de vivencia com estas ocorrências falando as mais puras asneiras possíveis, os famosos policio logos, que em vez de agir com a razão procuram uma abordagem sentimentalista destes fatos.
Não devemos em momento algum vincular na imprensa que o causador da crise vai responder por isto ou aquilo, juridicamente, este ato atrapalha o aspecto psicológico do causador da crise, vejamos com toda a certeza o mesmo também tem acesso a uma televisão e deve neste momento esta vendo tudo o que falam do caso, isto agrava, pois o mesmo começa a pensar nas conseqüências de seus atos.
Negociar é um ato técnico e o único que faz negociação em determinados fatos é o negociador, qualquer pessoa utilizada fora este policial é um colaborador, não devemos dar valores sentimentalistas a uma pessoa que seja utilizada em forma de barganha para o termino da crise, igualmente, deve-se a todo o momento verificar a situação da síndrome de Estocolmo, que neste tipo de ocorrências é crucial para o desfecho.
Observe-se aqui que a crise causada por fatores sentimentais, o que no jargão policial é chamado de cachimblema, cachaça, chifre e problema, é uma das mais difíceis de solucionar, devido ao fato da premissa de que o causador esta abalado psicologicamente, isto causa um índice de imprevisibilidade muito alto, que só pode ser estudado pelas declarações obtidas durante a negociação, o que o causador fala o comportamento da vitima, e pelas entrevistas com as pessoas libertadas do local critico.
Admira-me muito um delegado vir a publico declarar que o causador da crise fez um passeio no código penal brasileiro.
Primeiro não se dar declarações de valores mensurando o que pode ou não acontecer ao causador da crise, isto é uma falha técnica que pode a qualquer momento ocasionar a morte da vitima.
Segundo psicólogo preparados e treinados em situações criticas não existem no Brasil, até porque um perito neste assunto não viria a público em um aparelho de imprensa falar alguma coisa sobre o caso, deixando este ato ao gerente de comunicações sociais, pessoa preparada para este fim.
A imprensa pegar outros psicólogos para falar deste assunto alem de alienar a população para o fato em sim vem a agravar um fator que só existe no Brasil que prejudica em muito qualquer desfecho de um evento critico, o famigerado fator político, por isto a doutrina americana de gerenciamento de crises prever alem de todos os gerentes que não é em nenhum momento uma única pessoa o Diretor do gabinete de crises, o qual não é utilizado no Brasil por erros de doutrina.
Este seria a autoridade de maior posto que toma para si toda e qualquer decisão e conseqüência destas perante o desfecho do fato.
Gerente temos o gerente responsável pelo cerco, gerente de time de negociação, gerente de imprensa, gerente de equipamentos técnicos, gerente de logística, gerente de apoio médico e psicológico, etc.
O único diferente no termo de gerencia é o comandante do grupo de assalto tático, este é comandante, pois no caso de necessidade assume o comando e determina o assalto tático, seja emergencial ou planejado.
Agora neste momento façamos uma analise da situação atual.
Evento: Crise com reféns
Do causador da crise: Emocionalmente abalado, fatores afetivos.
Do fato crítico em si: Ter sido abandonado por sua parceira.
Das vítimas: quatro pessoas, sendo dois homens e duas mulheres,
Elemento crítico de relevância: Vítima que teve relacionamento afetivo com o causador da crise.
Quadro Psicológico social do causador: Síndrome de inferioridade, com baixa formação, influenciada por uma cultura machista.
Operário, classe média baixa, elemento com auto estima afetada, devido aos valores físicos apresentados por sua parceira, por seu grau de escolaridade e pelo quadro de sua formação sócio-cultural o mesmo apresenta um alto quadro de possessividade em relacionamentos,
Das prioridades no tocante a negociação: Abrandar o valor da vítima foco da crise e aumentar a alto estima do causador da crise.
Analise do histórico do evento:
1 – Causador da crise encontra-se abalado psicologicamente pelo abandono de sua parceira, dirigi-se ao apartamento em um ato premeditado, por ter ido ao local armado vem a manter como reféns quatro pessoas sendo dois homens e duas mulheres.
2 – O causador da crise já sabia da presença das três outras pessoas no local, e poderia vir a pensar que pudesse estar tendo um caso amoroso de sua parceira com algum dos jovens ali presentes.
3 – Determinada hora o causador da crise libera os dois jovens do sexo masculino ficando com as duas vitimas do sexo feminino, devido à síndrome de Estocolmo este fato favorece o negociador, pois os homens poderiam eclodir os ciúmes do causador vindo a perder várias vitimas.
4 – Ficando as duas moças no apartamento as chances da vitima aumentaram de 50 para 30%, de um desfecho favorável.
5 – O causador da crise agride a vitima foco do evento, e determinado momento libera a outra que não vem sofrendo nenhum tipo de ameaça por parte deste. Isto deixa claro suas intenções de executar a vitima e cometer suicídio, porem esta se recusa a sair do local critico o que favorece a vida da vitima foco.
6 – Determinado momento a PM agindo corretamente desliga as luzes do local, as quais só são acessas após a retirada de uma das vitimas.
7 – O causador libera uma das vitima e corta o contato com o grupo de negociação, este momento é delicado, pois a vitima foco chega a 80% de chances de fatalidade.
8 – Determinado momento o grupo de negociação se desloca corretamente ao local critico e tenta restabelecer contato, para impedir o descanso do causador da crise, observa-se aqui que a vitima foco não tentou fugir, de duas possibilidades uma, ou a mesma estava amarrada ou também estava sobre efeito da síndrome de Estocolmo o que é mais provável.
9 – O causador da crise volta a estabelecer contato porem este não é controlado por uma linha segura mais sim por um celular aberto e vem a falar com a mãe pelas declarações observa-se o interesse do mesmo em executar seu plano.
“Minha mãe, você é uma guerreira, não merece isto que esta acontecendo, a culpa é dela por ter me abandonado no momento que eu mais precisava, hoje vejo que o único amor que realmente existe é o amor de uma mãe por um filho”
Isto eleva o grau percentual de mortalidade da vitima de 80% para 90%, devido à probabilidade de o causador esta se despedindo de sua mãe.
Neste momento poderia ter ocorrido uma intervenção tática emergencial para salvar ao menos uma das vitimas.
Observa-se aqui que nossas corporações estão sofrendo pressões políticas diversas, o que nos impede de agir conforme as doutrinas americanas.
Espero que prevaleça ainda os 10% de chance deste evento critico terminar sem letalidade para nenhum dos lados, porem vale ressaltar aqui que devemos observar com mais critérios estes fatos, um evento desta magnitude não é uma novela que a imprensa possa deliberadamente brincar, é um fato real onde vidas humanas estão em risco.
Meus parabéns a policia paulista, que como no evento da praia onde nos policiais sabemos que o marginal foi alvejado por um Snipes, porem não podemos falar não é vai ficar mau para o governo. Vem neste caso atuando com auto grau de profissionalismo, mesmo com suas limitações em equipamentos técnicos para isto, pois sabemos a situação das policias militares do Brasil, venho aqui reprimir o público brasileiro que em vez de valorizar pessoas que possuem diplomas acadêmicos e que nunca viram uma ocorrência desta na real vem aqui deliberadamente expressar valores errados do fato, aumentando a pressão política sobre os policias que ali estão ariscando suas vidas, porque não procuram um policial militar para falar sobre o assunto, a resposta é simples, pois a população brasileira acredita que policial militar é burro, o que na verdade não o é.
Hoje em sua maioria os oficiais tem nível superior neste assunto, evento critico e segurança pública com teses e monografias muitas estudas por autoridades fora de nosso pais.
Grande parte do efetivo de praças também possuem nível superior, e muitos oficiais inclusive com mais de uma formação acadêmica.
Deveríamos realmente valorizar este militares e não ficar achando isto ou aquilo de uma coisa que um psicólogo ou psiquiatra não entende. O comportamento humano aqui não é relevante, o relevante aqui é salvar vidas, mesmo que para isto tenhamos que tirar uma vida.
Anguns documentos de embasamento teórico do assunto:
Monografia
HILTON HUBERT PICKLER
O GERENCIAMENTO DE CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO: GESTÃO EM REBELIÕES
Joinville
COMO SE COMPORTAR ENQUANTO REFÉM
Por Wanderley Mascarenhas de Souza
Apresentação:
Por Percival de Souza Jornalista e Escritor
Manual FBI de Gerenciamento de Crises


Analise sobre o Assalto Tático

Vamos observar o seguinte: que houve falhas técnicas na ação com toda certeza pode-se dizer que sim. Porem! Criticar apenas não vai levar este fórum, como nenhuma prospera discussão sobre o assunto a lugar nenhum.
Até porque não podemos tirar os méritos da policia militar de São Paulo, que em 38 ocorrências desta mesma natureza saiu dignamente elogiada, ao menos por mim, não é uma única ocorrência que vai colocar ou deve colocar todo este grupo na amargura da derrota, todo policial que já participou de uma situação critica, agravada pela necessidade do assalto tático sabe que mesmo com os melhores equipamentos, o time mais bem treinado do mundo as perspectivas de acertos e erros vai de 50% a 50%, ou seja, 50% de dar certo e 50% de dar errado, neste caso em particular os militares caíram-nos 50% de erro, lei de Murphy.
Se uma cosia pode dar errado ela vai dar errado.
O papel da policia aqui é diminuir esta porcentagem o máximo possível.
Que houve falhas houve, cabe agora estudar estes erros e treinar para em uma próxima ocorrência não cometermos os mesmos erros.
Dentre as falhas a mais critica sem sombra de duvida é a influencia política que nossas policiais sofrem de diversos ângulos.
A influencia política causada pela repercussão da ocorrência nos meios de comunicação em massa, onde o governo do estado começa a influenciar as decisões do aparelho policial.
Hora policia não é um cabo eleitoral de nem um partido, deveria ser uma das poucas instituições apolíticas de nosso pais, pois lida com vidas de pessoas humanas, mais do que os próprios médicos, devido ao fato de quem esta causando a letalidade não ser fato natural de doença e sim um fator esterno não natural que é o comportamento humano.
Falhas do comando, como anteriormente dito e para que se pense aqui uma situação critica tem alem do “gerente, negociador, comandante do grupo de assalto tático” o diretor do gabinete de crises que lida com a influencia externa da crise, facilmente podemos observar este detalhe vendo o filme o refém ate porque este fato é bem demonstrado nas seqüência iniciais, outro detalhe é que o negociador não tem poder de decisão nenhuma como a imprensa vem jogando a culpa no capitão, ele não tem poder para decidir a hora da invasão os únicos que podem decidir isto são o comandante do grupo de assalto tático e o diretor de gabinete de crises, nesta ordem, pois o primeiro a decidi até passando por cima da ordem do diretor a necessidade ou não do assalto emergencial, o negociador sugere o assalto, que é decidido em conjunto com estes dois elementos.
É salutar esta dualidade na decisão do momento de assalto entre o diretor e o comandante do grupo de assalto, para que tudo ocorra da melhor forma possível, pôr aqui não se observa a hierarquia como base decisória mais sim o preparo técnico profissional das pessoas ali envolvidas, se um diretor é um CEL sem especialização em operações especiais o mesmo perde este poder por completo tendo este em mão o comandante do grupo de assalto. Deve-se aqui observar mais friamente o valor técnico e não a patente.
É obvio que não temos muitos oficiais superiores com esta especialização devido ao rigor exigidas destes cursos de grupos especiais, rigor necessário para este fim.
Quanto ao negociador cabe apenas indicar e orientar os grupos de assalto tático.
Sobre o assalto tático houve sim erros, e somente aceitando estes erros e treinando para novas ocorrências não iremos cometer-los novamente.
Devemos acabar com a influencia da mídia neste tipo de ocorrência, colocando a imprensa em um local definido para a mesma e que a imprensa só passe valores definidos pela policia, toda e qualquer informação deve passar pela policia e não fazer de uma ocorrência que envolve vidas humanas uma novela mexicana como o ocorrido aqui, quanto ao fato da extensão ou não da crise só cabe ao aparelho policial decidir isto e não é a necessidade da população local que vai decidir o momento de desfecho do caso.
Devemos parar de ficar ouvindo aventureiros que nunca passaram por situações como esta que foi para os estados unidos fazer um curso vinculado às realidades de lá um herói nacional e um profundo conhecedor deste assunto, hora até os americanos vem aqui aprender como uma policia sem equipamento nenhum e mal remunerada consegue dar segurança a uma população até em locais de guerra como o Rio de Janeiro que é mais perigoso que qualquer guerra no mundo.
Descer de rapel dando tiro não é 100% seguro é só da certo em filme, nem a Swat utiliza isto.
Quanto a falar que a policia americana dar prazo isto é um absurdo, pois a doutrina mundial rege que não se devem dar prazos fatais a um causador de evento critico.
Sé é uma política do aparelho policial americano deve-se observar que vem amparada em uma série de fatos que fizeram a opinião publica americana acatar estas idéias.
Erros do assalto foram os seguintes:
1 – Querendo prever a segurança do causador da crise se efetuou um disparo de munição de borracha no mesmo isto é quebra de doutrina que diz que quando a situação previr reféns deve-se utilizar munição letal e não menos que letal, para prevenir a vida do inocente e não do causador da crise, este sim se for necessário deve morrer.
2 – Deveria ser previsto não um único ponto de entrada mais sim dois ou mais, os conhecidos pontos de entrada secundários, que viriam a ser utilizado caso o primeiro não tivesse êxito como o que aconteceu.
3 – Mais de um time de assalto em mais de um ponto de entrada. O que não se observou aqui.
4 – O cara da Tees é tão infeliz que em seu depoimento fala que foi utilizado carga de explosivo a mais do que necessário, se isto tivesse realmente ocorrido não só a porta como a parede e o obstáculo teria sido jogada para dentro do cômodo, o que ocorreu é que o explosivista não utilizou corretamente o efeito Monroe, não colocando um anteparo por fora da carga orientando desta forma a onda de choque para dentro do cômodo, por isto a a maior parte da explosão é vista do lado de fora do cômodo e não pelo lado de dentro.
5 – Outras asneira comentada pelo cara da tees é a teoria do rapel, todos que lidam com assalto tático sabe que esta é uma das ultimas técnicas utilizadas devido à imprecisão do disparo, imagine já ser difícil acertar um alvo você em movimento andando, pior ainda em decida de rapel quando tem que prever o local certo para parar o freio soltar o cabo sacar a arma e atirar balançando em uma corda, não que seja impossível porem o grau de imprecisão são muito altos
6 – A imprensa contribuiu e muito para o desfecho trágico desta ocorrência, colocando a todo o momento um valor sentimentalista no ocorrido, não se deve dar valores a uma situação critica, se era amor ou paixão na se deve mensurar, o fato primordial é a vida humana em risco, vejam o que ocorreu com isto o aparelho policial ficou com receio de efetuar qualquer ação mortal no causador da crise, ou seja, neutralizar-lo o que seria o coreto de ter feito, não se utiliza munição de borracha em ocorrências envolvendo reféns mais sim em ocorrências de suicidas, e dependendo da situação.
7 – É obvio que o causador da crise estava esperando uma ação de invasão dos policias desta forma com toda certeza a porta estaria bloqueada o que realmente ocorreu neste ponto o local mais provável para uma invasão seria destruindo a parede lateral com uma carga de parede, o impacto da explosão iria atordoar as pessoas no interior um único disparo ou mais de um no causador seriam suficientes para eliminar o causador da crise, uma explosão simultânea na porta frontal traria a atenção para este ponto dando oportunidade de uma ação outro ponto seria a janela ao mesmo tempo os policiais já deveriam estar posicionados na janela e não procurar após a explosão uma escada para subir, seqüência de erros que resultou na tragédia, mais uma vez a policia com o intuito de preservar a vida do causador do evento critico veio a perder as vitimas fator político de defesa do coitadinho não tem nada de coitado neste rapaz ele é um marginal, um fora da lei de nossa sociedade e uma pessoa perturbada que não tem condições de conviver em nosso meio social.
Devemos aqui não apenas criticar a ação mais analisar nossos erros para não voltarmos a cometer-los, não podemos colocar toda a no aparelho policial, pois isto trará uma reação de medo de ação em novas operações, devemos sim avaliar e modificar nossas formas de reação a estes eventos deveu aprender a utilizar fielmente a doutrina mundial vigente de gerenciamento de crises.
Não devemos colocar estas ocorrências nas mãos da policia civil pois esta constitucionalmente é investigativa e não trabalha na área da repressão e prevenção.